Reparou que no mercado?

Reparou que no mercado
Não vende teu gingado 
Não vende teu sorriso
Esse teu riso escancarado...
Reparou que no mercado
Não vende teu carisma
Tua brisa nesse mar
Teu amar que faz clamar
Teu clamor que faz orar
Teu olhar que me fascina ...
Reparou que no mercado
Não vende o cacheado
O teu crespo e alisado
Teu trançado ou raspado
Reparou que no mercado
Não vende tua etnia
Tua história, poesia
Tua estria lá não vende
Lá não vende tua magia
Não vende nem metade
Nem a margem do seu erro
Não vende teu acerto
Não vende teu conselho
Teu respeito lá não vende
Reparou que no mercado
Não vende liberdade
Não vende oportunidade
Não vende auto-estima
Reparou que no mercado
Não vende teu saber
Tua beleza lá não vende
Tua proeza lá não vende
Eu só encontro em você.

- Jordan Vilas Boas

Eu sou de pele colorida!

Eu sou de pele colorida

Que colore cada parte da vida,

Até as feridas,

A alma de quem acredita...

Embora sempre de mim desacreditem,

É só uma fase "eles diziam". Acredite!

A maior fase, a melhor fase,

A eterna fase que não me faz diferente de você,

Ou melhor, me faz bem diferente de você!

Me faz mais forte e mais firme,

Embora, por causa da sua fraqueza, muitos de mim sangrem...

Muitos de mim morram e por mais que alguns sejam por " suicídio " sabemos quem foi o real causador do motivo...

A voz do incentivo é a maioria contra,

É dedo e porrada...

"Meu filho não pode ver isso"

Seu filho deve ver isso, merece ver isso...

Precisa ver isso para entender o que é amor de verdade,

O que é lutar de verdade nessa sociedade,

Amor vai aprender com você, que de amor nada não compreende?

E é nesse retrocesso que dizem que a sociedade caminha pra frente.

Que é contra a vida, contra a liberdade...

É contra o amor e a felicidade!

Que procuram a cura gay enquanto deveriam curar mesmo é o seu caráter,

Sua personalidade, sua falta de coragem para lutar pelo que acredita!

Eu sou de pele colorida

Que colore cada parte da vida,

Até as feridas.

- Jordan Vilas Boas

Cor de dendê!

Eita baiana bonita dá porra
Desbocada que só 
E haja boca 
E haja cheiro
Chamengo arretado
Só não pisa no calo
Desaforo não leva
E é cor de dendê
É canto de ilê aiyê
Nego até tenta
Coitado de você
“ Oh lá em casa“
-Tá falando comigo?
Repete ai nego que eu quero ver!

- Jordan Vilas Boas

Beije sua preta em publico !

Exalte sua pretinha publicamente <3

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Exalte sua preta!

Foi publicamente que eu a beijei,
E ela até surpresa ficou!
Olhares surpresos arrodeavam,
E o povo se incomodava com aquela expressão de afeto!
Exaltei minha preta sim, confesso!
A minha preta,
Que já foi careca, trançada. crespa...
Que até de mulata foi chamada,
Que nunca foi namorada,
Que sempre foi usada e descartada,
Que nunca foi respeitada...
Exaltei minha preta ali,
Em plena praça,
P-U-B-L-I-C-A!
Em meio ao publico que olhava sem graça.
A mesma preta que anos atrás chorava,
Que não se aceitava,
Que por questão de estética o cabelo alisava...
Mas que jamais deixou de ser maravilhosa,
Hoje ela disso sabe,
Compreende ser a inspiração da minha prosa...
Mas nada me custa exalta-la e todo dia lembra-la ao dizer,
Fazer o mundo entender,
Que pode até não concordar,
Mas a mulher mais linda do mudo que você respeita...
É minha, e ela é preta!
E que todo santo dia eu vou exaltar a sua beleza,
Até que sua autoestima cresça ao ponto de não caber mais em sua cabeça!

- Jordan Vilas Boas

Não conte a ninguém!

Não conte a ninguém...
...Eu ando drogado
Já nem consciente
De corpo doído, todo entorpecido
E dizeres embreagados...
Não conte a ninguém!
Nem sã me reflito
Meu ar de aflito, meu gozo de nada...
Sem nem usar nada,
E nada ingerido,
E mesmo franzino, eu ando drogado!
Eu ando adoidado, deprimido em cantos
De cantos sofridos e Liniker nas rádios
Um grito vazio e vinho barato
No quarto me mato pois ando drogado!

- Jordan Vilas Boas

Ciclo

Que morte?
De novo? Aonde?
Muler, me diz!
O José?
O que fez?
Como nada?
Foi do nada?
De farda?
Da escola?
E mataram?
De novo?

- Jordan Vilas Boas

Cor de outono

A simplicidade sorriu para mim,
E eu acanhado, de canto risei,
Rezei para o dia se raivar e partir...
Para quando raiar o sol lhe ver outra vez.
Outro sol me queimava e novamente sorria.
Como primavera em teus lábios nascia flor...
Morrir de anseio deveras as vezes, antes que a sede virasse de amor.
E eu que de jardim cuidava aos montes,
Um monte de confusão em mente me passava...
É que preta flor nunca antes havia visto,
E confesso que sentimentos me tomavam!
Tua primavera em volumosos lábios,
Teus lábios se isolava em abandono...
Embora florescesse o teu sorriso.
Eu me encantava com tua cor de outono .

- Jordan Vilas Boas

Tenha um dia poético! <3

Art‘eu

Deixaria Caetano lhe compor
Mas nunca seria tão bela como é
Nem se cantada por Gadú
Poetizada por Carolina de Jesus
Nem se pintada por Tarsila do Amaral
Não sairia lá tão mal,
Mas não tão bela quanto foi feita
Não com essa melodia
Esse acorde, poesia
Cada detalhe, traço, simetria
Nada melhor seria
Nenhuma melhor obra sairia
Nada é tão artístico
Quanto cada parte de ti
Teu museu em cada cicatriz
Teu individualismo em cada sinal
Tua divindade a cada estria
Derrete qualquer indivíduo
O teu sorriso, os teus olhos simplificados
Teu jeito bipolarizado
Tua postura firme como a vida requer
Te entregaria a Van Gogh
Mas não tão perfeito seria como teu imperfeito já é.

- Jordan Vilas Boas

Tenha um dia poético! <3

Pelo amor de Jah!

Meu corpo tem poemas!

Meu corpo tem poemas
Não renascentista
Não vanguardista
Não de um grande artista
Mas tem poemas
Tem poemas com flores jamais vistas
Tem cores jamais tintas
Tem arte distinta
O meu corpo tem poema...
Um poema tão abolicionista
Tão obra de um autista
Tão fora da revista
Tão grito de ativista
O meu poema é tão egoista
Que ao invés de populista
Ele é todo meu.

- Jordan Vilas Boas

Ativista!

Peço trégua ao campo armado
Abaixem as armas
Levantem as rosas
Levantem as prosas
Abaixem o fardo
Em frente soldado
Enfrente as corjas
Inventam a roda
Pois já foi inventada
Inventam a maquina
Por medo da maquina
Armados temendo as armas
Me arma na rosa que atiro amor
Atiro no muro
Murmuro o que houve
Me ouve no muro
Que recito um verso
No verso do muro
Me entenda ligeiro
Meu corpo ferido
Por dentro inteiro
Em frente soldado
Enfrente as corjas
As cordas não prendem
Tente entender.

- Jordan Vilas Boas